C-level: como chegar e o que esperar

O caminho até se chegar ao posto de liderança não pode – e não deve – ser tão curto ou tão rápido quanto os jovens executivos esperam. A liderança técnica pode até acontecer rapidamente, de maneira temporária, mas a liderança verdadeira – que realmente faça engajar pessoas a um propósito -, exige experiência. Uma boa formação ou cursos podem ajudar a desenvolver tal habilidade, mas no sentido de apoio, ficando longe de ser completamente suficiente.

A humildade, perseverança, saber solucionar problemas de maneira a gerar menor conflito possível e empatia em negociações são características de profissionais com experiência, que já viveram o bastante para aplicá-las. Mesmo já tendo conhecido muitos jovens experientes, posso afirmar com tranquilidade que são minoria. Cada indivíduo tem sua própria vivência e capacidade de aprendizado, mas liderar, apesar de parecer glamuroso, não é nada fácil.

A melhor maneira de aprender, como sempre diz alguém que conheço, é errando. Mas não se pode repetir os erros. A maior parte das tarefas cotidianas não deveriam gerar erros, uma vez que a formação, intuição e procedimentos já estão prontos, basta segui-los. Mas em se tratando de liderar pessoas, os erros podem não ser de simples correção. Daí a grande dificuldade. É quase como nunca poder cometer um erro. Apesar de ninguém ser perfeito, o líder precisa buscar sê-lo.

Talvez por isso, as posições de liderança e altos cargos executivos tendem a ser um pouco solitárias. As decisões tendem a ser muito individuais e a responsabilidade não pode ser compartilhada. Esta talvez seja uma das maiores dificuldades para os C-levels.

É claro que como ninguém se transforma em C-level da noite para o dia, o profissional deve aproveitar cada momento de seu tempo no trabalho aprendendo e se aperfeiçoando, tarefa muitas vezes difícil com o nível de distrações e entregas que temos diariamente. Não parece difícil, mas é necessário também não se distrair com eventuais privilégios fúteis, como tamanho de salas, estruturas de apoio, viagens e estadias que, em meu ponto de vista, são armadilhas para alguém se tornar um verdadeiro líder.

Se o profissional se prende a esse tipo de coisa, ele perde o foco no que realmente interessa no negócio. Ele se encontrará um dia argumentando porque o escritório não pode se mudar para um local mais simples e competitivo por motivos pessoais. Talvez o negócio imponha por um certo tempo, em determinada área, certas regalias para ter uma determinada imagem junto a seus clientes, mas um líder não se apega a isto.

Pessoalmente, tive a sorte e a honra de trabalhar com excelentes profissionais, especialmente em termos de liderança. O que mais me chamou a atenção foi a simplicidade como trabalhavam. Bloco de papel, caneta e calculadora eram as ferramentas comuns entre eles. Não se enganem quanto a época. A calculadora até pode ser um aplicativo de um smartphone, mas o ponto é que não se preocupavam com o como, e sim com o que (resultado). Aconselho prestar atenção e anotar os pontos em que seus líderes se destacam e estudar formas de desenvolvê-los para se igualar ou superar.

Finalmente, o sucesso das organizações em que trabalha deve ser o único objetivo de todo C-Level. A remuneração, eventual bônus, promoções e etc, são consequências. Um C-level pode esperar muito trabalho, cobrança e obviamente recompensa monetária, mas deve ter ou desenvolver muita autoestima para se manter “acelerado”, pois elogios do chefe não existirão mais … Você será o chefe!

maio 15, 2019