O termo Indústria 4.0, na minha opinião, é uma forma de resumir os grandes avanços tecnológicos e de TI que estão transformando a indústria, no sentido de se ter maior precisão e controle dos processos. As mudanças são tão grandes e rápidas que alguns a comparam a uma nova Revolução Industrial.

Mas o que pretendo discutir não é como aplicar os conceitos lean à Indústria 4.0, mas sim o contrário: como implantar as ferramentas disponíveis e usar todo este arsenal para tirar o máximo de proveito dos resultados que podem ser alcançados com a implantação da filosofia lean.

Na realidade, pensando bem, poderíamos enxergar lean e Indústria 4.0 como uma combinação de benefícios. Por exemplo: a aplicação do lean vai te mostrar como reduzir os estoques, os defeitos, os desperdícios em movimentação e transporte… Já o uso do Big Data, da IoT e todas as interfaces (ex.: RFID) e automações necessárias vão possibilitar que o controle e a precisão destas reduções, e consequentes ganhos, sejam maiores, mais precisos e estejam o tempo todo ao alcance das mãos (literalmente).

Estas transformações e adequações são obviamente fundamentais para todo o ciclo do negócio e não apenas para a manufatura, como a origem do pensamento lean ou mesmo o termo Indústria 4.0 podem sugerir.

Na implantação de um novo negócio, uma startup por exemplo, que possua ou não um sistema de produção, seria inconcebível hoje em dia pensar em fazê-lo sem usar os conceitos lean. A Indústria 4.0 pode ser resumida como a aplicação de todas as ferramentas para digitalização das informações e que podem ajudar nos processos de melhoria de competitividade, se bem refletidos no início da implantação dos processos básicos, tais como desenvolvimento de produtos, vendas, produção e entregas.

Essa combinação de benefícios e ganhos, em conjunto com o conhecimento e aplicação dos conceitos lean e tecnologia, principalmente em tempos de grandes transformações e desafios às organizações empresariais, será fundamental para a sobrevivência futura, pois quem os possuir terá as citadas vantagens competitivas.

A armadilha não é nenhuma novidade: se a implantação dos sistemas ou conceitos for realizada de forma a não conseguirem ser modificadas, possibilitando a melhoria contínua, estará fadada ao insucesso.

Uma solução para a flexibilidade e, ao mesmo tempo, uma necessidade por vezes subestimada, é manter o fator humano presente nos processos. Nada substitui alguém ir até a máquina ou escritório e observar a atividade. Um número em um monitor ou na tela do celular, ou mesmo uma câmera, ainda não são capazes de transmitir certas emoções que são percebidas apenas ao vivo.

Ou seja, poderemos aproveitar das facilidades e novidades tecnológicas para acelerar a própria implantação e aceleração dos ganhos com lean e a Indústria 4.0. É preciso saber combinar os conceitos de modo a maximizar o resultado sem perder a flexibilidade. Nada substituirá o fato de que ir ao “gemba” é a única maneira de realmente saber e resolver as situações.