Lean e o valor agregado à produção e clientes

Quando se inicia uma jornada Lean, há vários conceitos que acabam tendo que ser revistos. Um deles, que é uma grande mudança, é aprender a enxergar o que de fato agrega valor aos clientes. E, se formos engenheiros ou com experiência em áreas de desenvolvimento e processos, esta mudança pode se tornar ainda um pouco mais difícil.

Normalmente, as pessoas pensam em otimizar os processos, o que é necessário, mas não fundamentalmente prioritário. Por exemplo: em uma fábrica qualquer, o que importa para os clientes, ou seja, o que agrega valor, é apenas o momento em que a transformação ou montagem ocorrem – quando a injetora preenche o molde ou a prensa dá a forma à chapa, por exemplo.

Mas estes momentos representam normalmente 2% de todo o tempo do processo, por mais incrível que isto possa parecer. O restante, apesar de necessário, representa desperdícios classificados em 7 categorias:

  1. Superprodução: produzir além do necessário para atender as demandas dos clientes num ciclo de produção é o pior dos desperdícios. Isto implica na perda de recursos (material, mão de obra, equipamentos etc.) e dinheiro.
  • Defeitos: usar os recursos que depois serão inutilizados e/ou retrabalhados.
  • Transporte: levar peças de um lado para outro, de maneira automatizada ou não, não agrega valor. Atenção: talvez seja necessário, mas geralmente pode ser também reduzido ou eliminado como todos os outros.
  • Movimentos: aqueles que são desnecessários, por exemplo, um operador que é obrigado a realizar devido à má apresentação das peças em sua estação de trabalho.
  • Estoques: o valor investido em estoques – materiais parados e não necessários para prevenir uma parada histórica por falhas de equipamentos -, é puro desperdício. São recursos que poderiam ser aplicados em melhorias de produtividade por exemplo.
  • Espera: um desbalanceamento ou falha não prevista nos processos anteriores podem gerar este tipo de desperdício. Recursos como material, mão de obra e equipamentos esperando para serem utilizados, etc.
  • Sobre processamento: mais difícil de encontrar exemplos, mas também fácil de imaginar. É processar demais o produto, controlar demais o processo…Por exemplo: deixar o produto por mais tempo no forno, usinando, resfriando em algum processo…

Esta é a grande diferença de pensamentos. Ao invés de otimizar apenas o tempo de ciclo de injeção, sopro, usinagem, montagem etc., otimizando os processos que realmente agregam valor (menos de 5%), precisamos eliminar os desperdícios – que representam mais de 90% das oportunidades e, geralmente, são bem mais simples e rápidos de serem otimizados.

Com essa nova perspectiva, podemos acelerar os ganhos com as melhorias aplicando os esforços onde podemos ter maiores ganhos no mesmo espaço de tempo.

abril 26, 2019